Invasão em relógios inteligentes

13/05/2015 10:58

Os anunciantes estão se preparando para invadir a tela do seu novo relógio inteligente.

Antecipando-se à expansão dos chamados aparelhos de vestir após o lançamento do Apple Watch, as agências de publicidade virtual estão correndo para criar anúncios e mensagens de marketing para esse setor incipiente.

Nos últimos meses, cerca de 15.000 pessoas que usavam o aplicativo Golfshot em seus relógios inteligentes baseados no Android viram uma mensagem dominar a tela por cinco segundos.

Ela começou com um “patrocinado por”. Este é um dos primeiros anúncios para aparelhos de vestir a serem transmitidos e no futuro nenhum produto com uma tela conectada à internet estará seguro, incluindo cafeteiras domésticas e carros.“Nós estamos vendo coisas como aparelhos de vestir, anúncios digitais em torneiras, eletrodomésticos -- qualquer coisa que possa ter um anúncio --”, disse Frank Addante, CEO da Rubicon Project Inc., uma empresa com sede em Los Angeles que ajuda a automatizar compras e vendas de anúncios.

A receita proveniente de anúncios que rodam em relógios inteligentes deverá dar um salto para US$ 68,6 milhões até 2019, contra US$ 1,5 milhão neste ano, segundo a Juniper Research.

Embora o valor seja uma pequena fração do gasto total com publicidade digital, as perspectivas de crescimento levaram muitas empresas como Rubicon e FitAd -- a firma por trás do patrocínio do aplicativo Golfshot -- a trabalharem em anúncios para aparelhos de vestir nos últimos seis meses.

Os relógios inteligentes permitem que os anunciantes atraiam a atenção dos consumidores imediatamente, independentemente do que eles estejam fazendo. E não se trata apenas de espaço na tela.

Sensores extras que coletam informações como pulsação, movimentos e até a temperatura da pele poderiam ajudar os marqueteiros a identificar melhor o público-alvo de seus anúncios.

“Esta pessoa está acordada?”, disse Greg Ratner, diretor de tecnologia da agência de marcas Deep Focus, em Nova York. “Este é um bom momento para interagir com o usuário ou seria melhor esperar uma outra hora para esse envolvimento? Tudo isso é, simplesmente, um contexto adicional para nos ajudar a conectar as marcas com os usuários no momento certo”.

‘Tenha uma boa corrida’

Garantir que os consumidores não considerem os anúncios irritantes -- ou inquietantes -- será um desafio.

É por isso que muitos marqueteiros estão se inclinando pelas funções úteis, como a de dizer aos usuários “Tenha uma boa corrida!” no momento em que eles usam um aplicativo de corrida ou lembrá-los de sua pontuação mais recente em um jogo.

As políticas de monitoramento de usuários para os relógios inteligentes ainda estão em evolução.

Embora a maioria dos aplicativos móveis bloqueie cookies, que são os códigos que monitoram os usuários em seus PCs, alguns relógios inteligentes como o Pebble os permitem. Considerando que muitos aplicativos para relógios inteligentes exigem que os usuários efetuem login e se registrem, os anunciantes também poderão chegar a eles por meio dos aplicativos.

“Não se trata de uma publicidade tradicional. O negócio é focar em alertas e notificações que terão marcas”, disse Mort Greenberg, CEO da FitAd, com sede em Nova York.

“Se o consumidor não vir valor na marca de forma automática e instantânea, isso afetará negativamente o uso daquele aplicativo”.

O relógio da Apple Inc., que pode notificar os usuários quando houver uma nova mensagem e motivá-los a cumprir suas metas, deverá ser uma inovação no setor e ajudar a multiplicar por cinco as vendas de aparelhos de vestir neste ano, para US$ 12,1 bilhões, segundo dados da empresa de pesquisas IDC.

A Apple tem se esforçado para proteger a privacidade de seus usuários.

As diretrizes da desenvolvedora do relógio não oferecem instruções claras para anúncios, disse Greenberg, embora muitos executivos do ramo de publicidade acreditem que poderão enviar notificações ou ofertas patrocinadas para o aparelho por meio dos aplicativos. A Apple não respondeu a um pedido de comentário.

“Informação de saúde. Médica. Esse tipo de informação é privada, simples assim”, disse Lee Tien, advogado do grupo de defesa ao consumidor Electronic Frontier Foundation.

“Se você não quer que seu empregador saiba, se você não quer nem que seus amigos saibam, por que você vai querer que o anunciante tenha essas informações?”.